quinta-feira, 28 de junho de 2007

Irmãos

Por detrás de seu cabelos loiros Miguel (Micael,Milciades, Michael) observava. A túnica branca que usava não tinha costuras, portanto era inteira, mas suas asas, no momento encolhidas, atravessavam-na como se simplesmente não existisse. Talvez fosse feita de nuvens.

Tinha a pele muito branca, os olhos grandes, azuis e curiosos, o rosto imberbe e feições quase femininas. Pelo menos era assim que pareceria aos olhos humanos, era assim que concebiam sua imagem e Miguel gostava de agradar.

Mas já fazia tanto tempo que não descia. Não tempo o suficiente para um anjo normal, mas ele, apenas uma criança, ainda achava que a vida passa devagar. Principalmente uma vida eterna.

Suspirou e olhou para Gawriil (Gábrio, Gabriel, Gabael). Normalmente a mera visão do amigo faria Miguel sorrir, até hoje se impressionava pela beleza que os olhos negros como raios numa noite de tempestade traziam. Gabe apresentava suas asas como um soldado mostraria suas medalhas. Se fosse possivel elas mostrariam tantas cicatrizes que alguém pensaria que era disso que eram feitas. Ele também já tinha visto muitas batalhas.

Sem desviar o olhar ou mexer os lábios:

-O que eles querem dizer por discutir o sexo de anjos?

Gawriil teria sorrido se tivesse boca.

-Quantas vezes você já perguntou isso?

Miguel voltou a olhar pra baixo. Anjos não deveriam ficar deprimidos, não deveriam ficar infelizes, não deveriam ter tantas dúvidas. Olha onde isso levou Lúcifer. Questionamentos eram coisas de humanos.

-Mas é tão confuso.

-Não se lembra do que Ariel ensinou, eles são regidos por rotúlos, por diferenciações, não conseguem aceitar o que é igual. São imperfeitos, diferente de nós. Não precisamos disso.

-Mas temos diferenças. Temos arcanjos, anjos superiores, anjos inferiores, castas. E é pra eternidade, nem a morte temos como conforto.

Gabriel finalmente assumia uma feição que lembrava a humana, os cabelos curtos, espetados o faziam parecer um rock star angelical. Teria muito o que conversar com Kurt Cobain. Miguel parecia respeita-lo mais assim.

-Porque a morte seria um conforto? Já estamos no céu, Michael.

Seus olhos, sempre pra baixo, sempre observando, sempre desejando, se embotaram de cimento e lágrima. Muitos nem acreditavam nele, mas não podia deixar de querer cair.

-Sabe qual minha coisa favorita?

Gabriel tinha até medo de perguntar. Imagina, o grande arcanjo Gábrio com medo de uma pergunta.

-Dos filmes. Se houvesse mágica, seria isso. Eu gosto daquele que tem um que parece comigo, ainda não entendi como ele morreu.

Não me pergunte como anjos que não vinham ao plano por pelo menos dois milênios iam ao cinema. Micael era o maior entusiasta de todos.

-Era uma mulher e ela não era um anjo, por isso ela morre.

Sua memória no entanto não parecia das melhores.

-Ow, isso explica muita coisa não é?

Gabrielli se preocupou. Sua face agora era só rugas, quase como se ele existisse desde o início.

-Eu só quero brincar com eles, só isso.

-Micah...

Correu pra abraça-lo. Beijou com afeição e sorriu, resoluto.

-Então, qual será meu sexo?

Pulou. Sentiu como se afogasse. Não que pudesse saber como seria isso.

domingo, 24 de junho de 2007

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Vou pegar o primeiro avião

Alguém tem que me lembrar de nunca mais assistir esses progamas que fazem homenagem pra alguém que morreu. Por alguma razão inexplicavél me peguei assistindo "Por toda minha vida" (nem sabia que isso existia) do Leandro. Resumindo, muito choro, muitos arrepios e eu no final pensando o tanto que eu sinto falta do moço. Detalhe, por mais goiana que eu seja, música sertaneja não exatamente me agrada. Mas fazer, o que? Eu sou a pessoa mais manipulavél do universo.
Tá, sejamos justos, na época foi muito triste, se não me engano eu estava morando em Goiânia, e deixa eu te dizer, a única ocasião que eu vi uma cidade mais em luto foi quando os Mamonas morreram, mas eles também tinham uma ligação especial com Brasília, afinal de contas. Entre o momento do diagnostico e sua morte passaram-se apenas dois meses. Engraçado, não era assim que eu me lembrava.
Na verdade Pense em Mim, um sucesso total e absoluto lá pelos inicio dos anos 90, representa muito pra mim. É uma lembrança da minha primeira infância, de idas à pecuária e principalmente de passear na caçamba de uma caminhonete, à caminho da fazenda (a poeira vermelha é minha maior impressão). É uma lembrança a toda essa cultura, um tanto o quanto marginalizada, inclusive por mim. É uma lembrança feliz.
Eu, esnobe desde pequena dizia:"odeio música sertaneja, mas amo Pense em mim". Essa música, emocionalmente é tão importante quanto Alegria, Alegria; Balada de um louco e Faroeste Caboclo pra mim. É uma música que, com certeza, me ensinou um pouco sobre o que é amar.
Então sim, me emocionei, mas sabe o que foi mais perfeito, o final, Leandro, com um banquinho e um violão, tocando Catedral (a versão nacional é dele), sem nenhuma dessas empostações de voz que caracterizam o gênero, só ele, simples. Um momento de real beleza.

domingo, 10 de junho de 2007

Não fazem musas pop como antigamente

Eu, de castigo em casa por causa da minha gripe, acabo (bom, faz algumas horas) de assisitir a final da sexta temporada de american idol, que by the way, a sony nem falou que ia ser hoje, e resolvo escrever sobre a awesome Kelly Clarkson que cantou 3 (três) músicas no show.
Tá, eu sei que faz pouco tempo que eu escrevi aqui pagando mó pau pra ela, mas prepare-se porque dessa vez vai ser bem pior. O que eu posso dizer, ela me inspira.


Minha idéia inicial era comentar sobre como parece que todas as músicas dela são sobre sofrimento ou raiva bem-humorada, afinal a nova música de trabalho dela, que ela cantou no AI essa noite, Never Again é sobre como ela dá graças a Deus por ter terminado com um cara ae e literalmente joga na cara o quanto que ele sucks. Só que bem diferente de Since U been gone, essa canção não tem absolutamente nada de humor, é simplesmente raiva cantanda e gritada em alto e bom som e foda-se quem se sentir ofendido. Pra resumir, rocks.
Vou ser sincera, não é tão bem trabalhada quanto alguns dos hits anteriores, mas é nisso que se resume seu charme. Ela chega a ser quase punk rock.
Acho que nem todo mundo vai amar cofRafaelcof, mas ela soa mais sincera do que a maioria das coisas que a industria pop manda pra gente.
Vou colocar o video da apresentação abaixo, mas se der, vejam só depois do texto inteiro:





Qual não foi minha surpresa quando, pesquisando, eu descubro sobre os problemas que cercaram o novo album dela e como tudo faz muito mais sentido agora no universo Idol.
Pra começo de conversa, eu lá assistindo a final, a Kelly já tinha cantado algumas coisas, a Bette Midler(!) também, entre outros, quando surge na minha tela a múmia paralitica do Clive Davis.

Talvez esse nome não signifique nada pra pessoas não viciadas em AI, mas ele é o velhinho que, impossivel ele ter menos de cem anos, controla a RCA, a gravadora que lança os cds dos Idols vencedores.
A aparição dele não é novidade nenhuma, quase todo evento especial de AI ele aparece, pra falar basicamente quanto dinheiro ele anda roubando dos artistas do progama.
O que eu achei estranho foi que basicamente ele falou que o cantor é o menos importante, o que dá dinheiro são as composições. Entre isso, ele falou bem da Fantasia, do Ruben, do Taylor e dos compositores de músicas como Breakaway e Since U Been Gone. Nem lembro se ele comentou o nome Kelly Clarkson.
Aí ele deu um prêmio inventado pra Carrie (a segunda Idol mais famosa por lá) por ela ter conseguido vender 6 milhões de cds nos EUA. O que é ridiculo, primeiro, porque o prêmio é inventado, e segundo porque esses 6 milhões nos EUA vão ser os únicos discos que ela vai vender, já que ela não tem mercado internacionalmente, country pop dificilmente vende fora dali. Tipo a Kelly vendeu, só no Breakway 15 milhões de discos pelo mundo.
Mas até então eu não sabia o porque do comportamento do velhinho lá.

A história resumida é a seguinte, o Clive tem uma bronca com a Kelly porque ela resolveu que o terceiro cd dela ia ser composto só por músicas de sua autoria ou que ela tivesse co-escrito e que ela ia fazer um álbum do jeito que ela quisese, com o máximo de controle artistico possivel e estaria recusando suas sugestões. Dizem as más linguás que a história vem de longe, Clive detestaria Because of You e faria piadas com a música constantemente. Mas isso não é tudo (ha, tô parecendo repórter de fofoca), Clive e Kelly aparentemente tiveram uma briga verbal em que Clive disse que o cd é horrivel e vai fracassar imensamente. Aparentemente os executivos da BMG ofereceram 10 milhões de dólares pra Kelly, caso ela se livrasse de cinco músicas do cd e gravasse coisas mais comerciais. Ela recusou.
Tudo isso porque o sr Davis tem cem anos de indústria e ainda é do tempo em que cantores e principalmente cantoras não metiam o bedelho em coisas como qual música eles iam cantar. Eles ouviam e pronto.

Meu, a menina quer fazer um cd conceitual. Sabe o que eu penso quando ouço conceitual? Pink Floyd! É, velho e genial assim! E quer saber, tudo o que ando ouvindo falar é que o négocio é bom, é dark e que principalmente é maduro. E ela cantou Sargent Peper com o Joe Perry! E foi demais!
Assim que chegar eu vou comprar, nem me importo que não seja tão bom assim, só pela rebeldia por trás já vale a pena. O sistema está sujo e nos temos a chance de quebra-lo. Nunca pensei que Kelly Clarkson seria uma palavra de ordem mas a vida nos surpreende.
Abaixo vão alguns artigos sobre o caso e uma entrevista grande porém que vale a pena. Se deliciem e pensem sobre isso:

http://www.realitytvworld.com/news/report-clive-davis-kelly-clarkson-dispute-causing-internal-rca-strife-5277.php

http://www.realitytvworld.com/news/kelly-clarkson-calls-rca-song-referrals-for-new-album-insulting-5195.php

http://www.elle.com/coverstory/11273/kelly-clarkson.html

E por último, uma dessas diversões youtubianas que eu adoro:





Mais punk-rock impossivel.



segunda-feira, 4 de junho de 2007

I hope you have a lot of nice things to wear

Minha mãe: Então, quando sua madrinha mudou de Goiânia pro Rio pra fazer faculdade tinha um música que eu ouvia muito, que me ajudou na época. Agora eu queria te "dar" ela.

Segue:






Cat Stevens - Wild World

Now that I've lost everything to you
You say you wanna start something new
And it's breakin' my heart you're leavin'
Baby, I'm greavin'


But if you wanna leave, take good care
I hope you have a lot of nice things to wear
But then a lot of nice things turn bad out there

Chorus:
Oh, baby, baby, it's a wild world
It's hard to get by just upon a smile
Oh, baby, baby, it's a wild world
I'll always remember you like a child, girl


You know I've seen a lot of what the world can do
And it's breaking my heart in two
Because I never wanna see you a sad girl
Don't be a bad girl


But if you wanna leave, take good care
I hope you make a lot of nice friends out there
But just remember there's a lot of bad and beware

Oh, baby, baby, it's a wild world
It's hard to get by just upon a smile
Oh, baby, baby, it's a wild world
I'll always remember you like a child, girl

Baby, I love you
But if you wanna leave, take good care
I hope you make a lot of nice friends out there
But just remember there's a lot of bad and beware

Oh, baby, baby, it's a wild world
It's hard to get by just upon a smile
Oh, baby, baby, it's a wild world
I'll always remember you like a child, girl


Eu chorei e chorei e chorei.

obs: minha mãe é a mais linda...