domingo, 28 de setembro de 2008

Cheiro de borracha queimada.

O calor da cidade parecia que fazia derreter. Como aquelas balas de caramelo, quando ficam muito tempo no sol. Pronto, o calor fazia as pessoas virarem caramelo.
Encostou o braço na porta de metal pra ver se esfriava. Seu suor melado fez um som úmido com o contato. Tinha muita vontade de tomar um Gatorade agora.
Quando viu aquele moço de bicicleta sentiu pena e inveja. Toda a atividade física devia ser suspensa, na sua opinião, mas pelo menos o movimento trazia um ilusório vento.
Tentou fazer um leque improvisado com as mãos, mas isso só o cansou. Queria quase desistir de existir, e o fato é que parecia incrivelmente dificil pensar agora, lento e doloroso.
Se esticou ao máximo no chão gelado e não conseguia se decidir se devia virar a cabeça pra direita ou esquerda. Qual bochecha sentiria mais calor. Por alguma razão isso parecia de extrema importancia no momento.
Seus olhos começaram a ficar pesados e alguma coisa no seu cérebro começou formigou e ele pensou que seria uma má idéia dormir agora. Não conseguia se lembrar porque.
Ah sim! Aquilo!
Tarde demais, amanhã a gente conversa.