Se equilibrava no meio-fio como se fosse uma bailarina, na ponta dos pés. Encostou a sola do tênis na água, testando a tensão superficial. Sentia um empurrão para cima, a gravidade novamente desafiada. Era tão engraçado, estar ali, completamente vestido, calça jeans, camiseta, casaco de moletom com capuz, e quase caindo dentro da água. Abriu os braços e se sentiu como Cristo, mas melhor, porque não devia ser agradável ter pregos na palma da mão. Ou no pulso. Se bem que, sendo Jesus quem era, não se surpreenderia que tivesse sido nas mãos mesmo. Ele estava apenas esperando, afinal.
Gravidade, tensão superficial, equilíbrio. Coisas que não compreendia e não acreditava na verdade. Preferia ter uma existência mágica, era defensor do destino, de vampiros, Shakespeare, Superman e da música. Era defensor do amor.
Enfiava as mãos no bolso do casaco e descia, pela parte molhada, fazendo um barulho de chapinhar enquanto caminhava.
Andar pela água não era tão difícil assim.
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2 comentários:
tipo assim, genial esse.
Muito bom mesmo =]
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