terça-feira, 7 de agosto de 2007

Quando o destino bate a sua porta é melhor você desligar a televisão e atender

A terra tinh sido batida e apenas uma fina camada de poeira se levanta quando ele pisa. Dando pulos no mesmo lugar, seu adversário faz uma sujeira maior.
Eles trancam o olhar pela primeira vez e é como se tentassem descobrir o significado disso tudo em um segundo. Um não pára de se aquecer, dando soquinhos no ar e correndo em círculos. O outro só respira. Estão nervosos.
Alguém parecido com um juiz dá um sinal e a luta começa. A platéia aplaude, como se estivesse no teatro. Mas no teatro as palmas só vem ao fim do espetáculo. No teatro as pessoas sentam em cadeiras. Aqui todo mundo está de pé.
O ringue é apenas um círculo desenhado no chão, o que facilita a movimentação, mas deixa mais fácil ser empurrado fora dele. 30 segundos com um dos pés fora e a luta acaba. Ninguém quer perder desse jeito.
Eles se analisam antes de qualquer golpe. Trocam de perna, pensam. Isso é xadrez com humanos.
O outro tenta chama-lo, finge abrir a guarda, mas seu pé direito continua firme no chão. Não vai funcionar , muda de tática. Trava os cotovelos junto ao corpo, flexiona as pernas, abaixa o tronco, e espera.
É ouvido um grito meio raivoso, instigando a ação, sedento por violência. Eles nem ouvem, estão aqui pra fazer arte, não atender aos caprichos de pessoas que simplesmente não entendem.
Finalmente o golpe vem, acertando uma defesa bem eficaz. Mas a força do soco faz com que ele dê alguns passos para trás.
Outro, e a guarda abre um pouco. Outro, e esse doeu. Outro, e isso não está funcionando.
Os dois começam a dançar, suor cobrindo as sobrancelhas e dificultando a visão.
Ele abra a guarda, se expõe, seus músculos se preparam para receber a dor. No último momento se esquiva e o adversário perde o equilíbrio e quase cai.
Sua mão enluvada encontra o queixo do outro, mas não de forma certeira. Alguns centímetros pro lado e seria um nocaute.
Mas não importa, porque ele tem que dar vários passos pra trás e balançar a cabeça para esquecer a dor e confusão. Fica surpreso quando ele olha e não vê raiva, mas sim certa admiração. Dá um sorriso que apavoraria um homem menos corajoso.
E agora e única coisa que pode fazer é abaixar a cabeça e por as mãos na frente, porque os golpes vêm como rajadas, de todos os lados, mal dando tempo de respirar. Leva um soco no peito
que vai ficar roxo, e acha que seu coração saiu do ritmo normal.
Sente que é hora de agir, dá um pulo pro lado e chuta o interior da coxa do adversário. Ele não esperava por isso e mais por causa da surpresa, cai, as costas batendo no chão expelindo todo o ar dos pulmões.
Ele demora um pouco pra se levantar, olha pros lados desconfiado, mas o outro ainda está em um dos cantos, luvas pra baixo, a respiração entrecortada. Com um salto está de pé, preparando-se para o resto da batalha.
Limpa o suor que escorre pela testa e se acumula na ponta do nariz com o interior da luva. Levanta o corpo , fica de lado para o outro homem, uma das pernas encolhidas como se fosse um jogador de baseball.
Sente a confusão da platéia e do lutador, mas troca de perna e acerta um chute contra a tempôra do companheiro.
Ele cai de quatro, sente como se sua cabeça estivesse abrindo. As duas mãos estão pra fora do ringue. Já se passou trinta segundos. Ninguém disse nada sobre mãos.
Levanta cambaleante, sua visão embaçada e cada centimetro do seu corpo dolorido. Corre como um animal e se atraca ao corpo do outro, arrastando-o junto. Os dois estão fora do ringue agora, e se revezam na tentativa de impedir que um deles volte.
Um soco na boca e sente sangue percorrendo sua língua. O olho lateja e anuncia que vai ficar amarelo-aroxeado em breve. Já são dois narizes quebrados e meia dúzia de dentes perdidos.
Ao longe um sino toca e eles estão abraçados. Dois vencedores, dois perdedores.
Parte da torcida vaia, outros teriam se levantado pra aplaudir se já não estivessem de pé.
Eles se deixam cair no chão, sentem como se cada músculo tivesse sido triturado, mas olham um para o outro e sorriem. Sorrisos quase lunáticos que se transformam em gargalhadas daquelas que fazem o corpo todo tremer.
"Devem ter levado muitas pancadas na cabeça" pensa alguém, enquanto se afasta da multidão em círculo.

13 comentários:

la texana disse...

hum, isso foi... altamente experimental. porque sabe, o ponto de vista na verdade é do carinha que pensa lá no final. yeah, então, pois é... eu sendo random.

Unknown disse...

que coisa mais clube da luta. e não adianta, eu não consigo gostar de lutas. eu sei que é esportivo, mas eu sou muito metido a pacifista nessas horas.

Anônimo disse...

eu repito o comentario do rafael.


e mudando de assunto, eu nao acho o sawyer chato.
mas o jack eh tao bonzinho, enfim. agora o meu preferido eh o sayid, entao sem problemas


(mesmo porque, como geminiana, eu nao vou conseguir chegar a alguma conclusao de quem eu gosto mais, se eh jack, sawyer ou sayid)

la texana disse...

mas a inspiração não foi clube da luta, nem chegou perto. por incrivel que pareça foi uma mistura de hp com bsg, e uma vontade de escrever violencia=arte.

Flávio A disse...

a tereza se inspirou no formidável sumô. aqueles caras banhudos e enormes, parecendo montanhas, com cuequinhas e coques difícieis no cabelo... isso sim é esporte-arte.
(estou brincando, ok)

aaaaaaaaaah, eu preciso ver clube da luta!

Pri disse...

Que tenso! :O
Mas, sim, a luta tá bem artística!

Pri disse...

Você me acha tímida??? Interessante... isso foi inusitado.

Íris disse...

Depois eu leio o post...

Como assim vc tá por aqui e nem avisa?!?!??!?!?!??!?!?!??!?

bjs

Renata disse...

O.o Pela descrição vc entende bem de lutas, legal.

Renata disse...

E vc é oficialmente o ser mais sensível da face da Terra, Tê;
A gente nunca sabe se pode dizer uma coisa ou não, porque vc pode se sentir ofendida.
Me desculpa, mas eu não acho que falei nada demais. Eu acho que vc precisa "light up" nessas horas. foda-se H/Hr ou R/Hr. E acho que vc leu errado, por causa da falta de uma vírgula ali que eu esqueci de por, mas enfim.
¬¬ é realmente muito difícil discordar de você nas coisas, tudo vira um caso de vida ou morte.

Renata disse...

Ok, Tê desculpe eu ter te magoado, não foi a minha intenção. Mas às vezes eu me pergunto se tanto eu quanto vc não levamos a sério demais esse tipo de coisa, ao ponto de brigarmos desse jeito.

E por favor publique logo sua crítica porque eu me importo muito com a sua opinião e quero saber o que vc achou.

Íris disse...

Não sou fã de luta, principalmente boxe, no entanto, seu texto conseguiu me prender durante um tempo!

bjs

Renata disse...

good. I'm glad.


=]