quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Bangue-Bangue a La Texana

Os nós dos dedos contra a madeira fazem um barulho ritmado. Quase acompanham a pianola do bar.

Jesse, the Sunset Kid tomava seu chá-mate cor-de-whiskey enquanto as moscas faziam um baile vitoriano ao redor da sua cabeça. Estão todas muito afinadas.

Ele olhou rapidamente pra trás quando ouviu a porta dupla se abrindo, então quando Pepê "El Ratón Matador" põe a mão em seu ombro pode fingir que sempre soube quem era.

-Usted y yo, isso significa eu e você, chico, lá fora, agora.

Sunset olha de soslaio o adversário antes de virar um shot do chá-whiskey.

-Vamos lá.

Pepê veste um daqueles ridiculos coletes de couro branco que andam na moda. The Kid espera poder comprar um desses um dia, mas ele quer que o seu tenha uma mancha preta, como das vacas malhadas que dão leite de chocolate.

Eles andam lá fora fingindo não querer chamar atenção. Ninguém dá muita bola mesmo, exceto as moscas. Fiéis companheiras, Sunset já deu nome pra duas ou três.

Jesse puxa dois pirulitos que estavam pendurados no cinto e oferece um para Ratón.

-É de uva?

-Não, morango.

-Aceito.

Enquanto terminam o doce conseguem puxar conversa mole. Sabe, quebrar o gelo.

-Sim, foi o White que me ensinou a tocar guitarra. Ele disse que queria contratar uma mestiça pra ficar tocando atabaque. Ele quer fazer uma versão elétrica de La Bamba. Eu disse que nunca vai dar certo.

-Guitarra elétrica? Eu prefiro meu banjo âmbar.

-É por isso que você é um caipira.

-Pelo menos eu não finjo que falo espanhol.

Os dois riram. Fecharam a cara e deram dez passos longos de distância.

-Winchester 22?

-Não quero saber de nenhuma outra.

Eles quase podem ouvir o assovio dos índios e o uivo do coiote amestrado.

-Uno... dos... tres. Fuego!

BANG!

Pepê cai com o impacto da bala. O vermelho se espalha pelo seu colete branco e pelo chão.

Jesse abre um sorriso e conta vantagem pro seu cavalo.

-Viu isso Philipe? Nem deu tempo dele atirar.

Philipe nem se dignou a responder.

The Kid anda até o caído e algo estranho acontece. Suas moscas o abandonam, pousam no peito do morto. Mas ele nem começou a cheirar cadáver. Sente um cheiro estranho, adocicado. Se abaixa e prova um pouco do sangue. Groselha.

El Ratón, El Matador, já se levantou. Pressiona seu revólver contra as costas de Jesse.

-Te peguei.

-Você atiraria num homem pelas costas, Pepê?

-Acha que vamos descobrir agora.

Jesse sentiu a pressão aumentar contra um ponto. Ele cai de joelhos e pergunta se morrer te deixa surdo, porque podia jurar que não ouviu o barulho da bala.

Se vira e vê o rosto de Pepê iluminado pelo sol com um sorriso de gato que comeu o canário. Vê seu braço em riste ainda, segurando a arma e na ponta desta um papel desenrolado, escrito "BANG!".

-Você é mesmo um engraçadinho, Rato.

-Hey, pode me chamar de O Coringa.

-Quê?

-Você ia ter que fingir saber espanhol para entender. Agora vamos, você pode tocar Lady Madona no seu banjo âmbar enquanto eu conto como atirei fora as pernas de um cara chamado Dan.



3 comentários:

Renata disse...

O.o what the hell was that?

Tudo bem, ficou engraçado e legal mas han, acha que me engana! Eu sei que vc imitou o nome do cavalo da Bela e A Fera, ocavalo tmb se chama Filipe!
Aliás, muitos cavalos se chamam filipe né?

la texana disse...

na verdade esse texto é um mosaico de referencias. absolutamente tudo é tirado de outras historias ou musicas ou coisa assim.

Unknown disse...

Haha. Caramba, ficou ótimo. O melhor são as moscas traidoras. Pobre moço.