segunda-feira, 14 de abril de 2008

Cinco minutos para o fim do mundo

-Olha pra mim.
É difícil, ela sabe que vai ouvir o que não quer, mas é uma ordem tão pura, honesta, preocupada e sem malícia que é impossível não obedecer.
-Você acha isso normal? Ela tá lá naquele hospital, sabe-se lá em que estado e você muda pra casa dele. Você não vai substituir ela, sabia?
-Não é nada disso. Ele, ele precisa de mim. Ele está sozinho agora, ele é meu melhor amigo, eu tenho medo do que possa acontecer se eu não estiver lá.
A pena que está incrustada em seus olhos dói mais do que qualquer reprimenda.
-Eu só não quero que ele te machuque.
-Ele nunca faria isso de propósito.
-Eu sei. É disso que eu tenho medo.
.
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Ela fica no quarto de hóspedes, ao lado do dele. Dorme sem problemas até que ouve um barulho e quase tem um ataque do coração. Ele está lá, parado no meio do quarto, lágrimas descendo pelo rosto.
Ela estende a mão, chamando e ele deita do lado dela, seus dedos entrelaçados. A cabeça dele repousa sobre sua barriga.
-Eu tive um pesadelo.
-Shh, já acabou, eu estou aqui.
-Mas eu, eu não posso deixar...
-Vai ficar tudo bem. Eu prometo.
Ele aperta a mão dela mais forte e adormece.
Eles dormem sempre assim, aconchegados um no outro. Um dia os pesadelos acabam, nesse dia ele beija ela.
Ela tem medo que ele peça desculpas, mas ele não pede. Os dois dormem bem a noite inteira.
O que começa com um beijo casto, ascende, até o ponto em que a única coisa que os dois usam debaixo das cobertas é pele.
Então ele pára.
-Não, eles vão vir atrás de você.
Ela suspira frustrada.
-Você sabe que não importa, não é? A nossa relação já é mais próxima que a que vocês tinham, se eles me quisessem já teriam vindo.
Ele olha com tanta tristeza que ela quer abraça-lo. Mas ela vem fazendo isso o tempo todo e de nada adiantou. É hora de tough love.
-Sabe meus pesadelos, eles eram sobre você, sobre eles tirarem você de perto de mim. Eu não sobreviveria.
Ela sorri com dor.
-Claro que sobreviveria. Você sobrevive sem ela.
-Ela não é você. Você é mais.
Eles fazem amor o mais silenciosamente possível, como se tentassem impedir algum espírito da casa de acordar.
Ela vai ao hospital levando flores e olha dentro daqueles olhos vazios.
-Me desculpe, mas ele é meu agora. Ele sempre foi.

6 comentários:

Unknown disse...

OW, legaaaaal. Maior ditadura militar assim (é claro que podem ser outros milhões de contexto, mas eu pensei nisso de cara).
Ou então a Natalie Portman em V de Vingança. Qualquer coisa assim
\,,/

Unknown disse...

esse título? é um filme, uma música? não me é estranho...

la texana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
la texana disse...

putz, eu só vi agora um erro gigante de digitação que pode ser mal interpretado. é o titulo de uma musica do, por incrivel que pareça, cpm-22, mas modificada, o deles é um minuto, mas eu acho cinco mais poetico. e assim, eu realmente não gosto de cpm, mas eu tenho alguns problemas com essa música e se vc ouvir o refrão tem muito a ver com a relação lá dos dois. então, se vc quiser fazer esse esforço...ah e o clipe é bem legal tbm.

Anônimo disse...

pq na verdade, eu achava que entrar no blog da renata ia ajudar a mostrar a ela que estamos aqui pro que der e vier, mas se vc tb não sabe disso, tudo certo, eu entro aqui tb. Prometo frequentar o recinto de agora em diante

Íris disse...

Muito legal o título!

Quanto ao texto tô um pouco confusa!!!!
nháaaaa!!!!!!!!! São três personagens, é isso?
bjs

=D