quarta-feira, 9 de abril de 2008

Reflexões de uma mente inconformada

Eu li isso outro dia num forúm, e achei tão acertado, e tão justamente o que eu penso mas que nunca consegui expressar (porque eu tenho raiva cara, e um coração partido) que eu na hora pensei que não poderia ficar sem postar aqui. Concorde ou não, pelo menos respeite:


"Eu entrei para o mundo de Harry Potter tarde demais. O trem já estava para lá de acabando e porque não dizer acabado! O livro 6 já tinha sido publicado e a meleca toda já tinha sido feita! No entanto, mesmo acreditando e querendo e compreendendo os livros por uma ótica pouco aceita, eu entrei de cabeça no fandom e tentei expor meu ponto de vista!


No entanto, o meu ponto de vista sempre foi algo muito além do que uma simples disputa de shippers. O que eu realmente queria mostrar era a oscilação constituinte da compreensão/interpretação/situação. Eu queria que as pessoas entendessem que ler um livro é algo muito mais rico do que tentar entrever ali apenas UMA lei ou UMA compreensão/interpretação/situação. Eu queria que elas vissem que um livro só existe na relação leitor-livro e que o autor perde o domínio do seu livro assim que ele entra em contato com um outro leitor que não ele mesmo! O livro está sempre disposto na estante da sua casa ou da livraria ou da biblioteca, mas o que o torna LIVRO é a relação com o leitor. E desta relação, tudo pode surgir. Afinal, quando se lê um livro, se traz para a leitura não só as palavras contidas nele, mas também toda a bagagem que o leitor adquiriu durante sua vida. Este entrelaçamento de horizontes é o que possiblita tantos modos diferentes e às vezes parecidos de compreender/interpretar/situar um livro. Era justamente isto que eu queria que a cannonlândia entendesse. Ser H² em uma mar de pretensas informações e entrevistas da J.K ditas RH era possível porque ler o livro é trazer muito mais para esta relação do que um simples "a J.K disse"!


Se a cannonlândia tivesse entendido isto, ela teria compreendido porque somos H² e porque até mesmo o shipper deles, por mais que tenha ocorrido em um final tosco, continua sendo UMA possibilidade dentre muitas. O que torna H² real nunca foi o livro em si, mesmo porque o livro em si não existe. O que sempre tornou H² real foi a relação livro-leitor!


Dizer que esta relação está errada, é trazer para uma ambiência tão rica um posicionamento fundamentalista e encerrar o que é frutífero em uma determinação não cabível ao espaço da leitura.


Por isto tudo e por ver que nem a J.K pensa assim (a partir das entrevistas e discursos dela), é por isto tudo que eu nunca gostei dela.


Até o quinto livro, ela ainda deixa entrever sua obra enquanto ambiência frutífera para todos os modos de compreensão/interpretação/situação. A partir do momento que Harry Potter tornou-se receita de bolo a ser seguida, tudo perdeu a graça. A leitura não mais se deu como espaço de interação livro-leitor e a série caiu em desgraça.


Infelizmente, o cair em desgraça veio coroado com o shipper RH ou HG. Para falar a verdade, nem a cannonlândia merecia isto. Nenhum fã merecia. Não porque deu RH ou HG no final tosco, mas porque isto impossibilitou a tão frutífera ambiência existente até então!
Por tudo isto, pela perda da magia, eu só tenho a lamentar! Lamento a má condução da série. Lamento a riqueza perdida. Lamento o fato de que a grande maioria prefere a mediocridade à ambiência oscilatória da compreensão/interpretação/situação.
Mais do que lamentar a perda de um bom final para a série, eu lamento o quão tacanho é o ser humano!



Eu sempre quis respeito ao diferente e não concordância!
Para mim, o posicionamento da cannonlândia sempre foi uma amostra de que a humanidade não está preparada para a oscilação, seja no mundo de Harry Potter, seja em qualquer outro.
Por isto eu digo: a minha crítica sempre foi ao humano e a forma dele conduzir sua existência no mundo. Harry Potter era apenas um veículo mostrante da imaturidade intelectual e emocional reinante entre nós!
"

Só pra completar, eu acho que a partir do momento em que Harry Potter deixou de ser um livro com múltiplas interpretações perdeu completamente a graça, então é por isso que essas entrevistas pós-sétimo livro me irritam tanto. Deixe mais coisas em aberto, é muito mais interessante. Virar e falar que o Dumb é gay, por exemplo, é tão sem propósito, era muito mais divertido quando era apenas especulação, e quem precisava daquele epilogo mongol (talvez seja a coisa que eu vi mais gente do fannon concordar que foi horrível). J K poderia ter entrado na historia por causa da sua historia, agora só vai entrar por causa dos números que sua história fez.



3 comentários:

Renata disse...

"Concorde ou não, pelo menos respeite:"


Adorei, vou usar toda vez que eu quiser reclamar de Juno agora.

Renata disse...

Não sei se é a universidade, que me deixou mais atrevida e Deus sabe como eu te amo tereza, mas eu preciso dizer...

Dizer que o outro tem mau gosto por causa disso ou daquilo (e no meu caso foi porque eu gostava de música emo e não gostava de Juno) não é argumentar e discutir não... É outra coisa mesmo.

Unknown disse...

Olha, essa moça aí até tem alguma razão, mas esse lance de shipper é tãããão apaixonado e dramático, que vc começa a discordar só pra não ter que concordar.

(e o comentário da Renata foi demais! hahaha
ri demais) xP