Ele passava o dia inteiro no escritório quebrando números. Se fosse mais esperto ele conseguiria perceber o padrão que ligava todos eles, mas como não era apenas ficava inquieto com a estranha familiaridade que permeava seu trabalho.
Sua função era checar se o computador estava fazendo as contas direito. Era bom com números, números altos e simples, números que não precisavam ser embasados em muita teoria. Ele não saberia explicar, nem pra si mesmo. Ensinavam pra ele que dois mais dois são quatro e ele chegava a conclusão que quatro mais quatro são oito, só não perguntassem porque, ele simplesmente sabia.
Na escola não tinha tido amigos e era ruim em todas as outras matérias, mas desde cedo ele aprendera que se alguém fosse bom o suficiente em matemática não importava o quão péssimo ele fosse nas outras coisas. Sempre passou por conselho.
Ainda assim, não era algo que o fascinasse. Era só uma habilidade que ele tinha, assim como outras pessoas sabiam assobiar e outras não. Ninguém achava assobiar particularmente interessante, assim como ele não ligava para números.
Um dia ele tinha ouvido falar que matemática e música tinham muito a ver uma com a outra. Isso foi o suficiente pra convence-lo a não fazer matemática na faculdade. Odiava música.
Música de qualquer tipo, desde hip-hop a Bach, o deixava nervoso e claustrofóbico e se havia alguma coisa que podia tira-lo do sério era pegar carona com alguém que ligava o rádio. Evitava pegar caronas. Evitava também reuniões sociais. Reuniões sociais costumavam ter música.
O único ritmo que tolerava era a melancolia surda e repetitiva de alguma músicas eletrônicas. Desde que não houvesse alguém cantando por cima. Cantores eram os piores. Portanto tinha feito contabilidade.
E os números continuaram aparecendo, naquele padrão-fantasma não identificável. Ás vezes conceitos como dobro, triplo, raiz quadrada, metade surgiam na mente dele, mas nada que o fizesse ficar intrigado, nada que ele se sentisse compelido a identificar.
Morava no 314 . Certa vez tinha ficado mais de uma hora em frente a porta, só olhando o número, como se houvesse algo nele que explicaria tudo. Mas alguma coisa estava faltando, e nada realmente aconteceu, então ele tinha agarrado sua pasta e entrado.
Estava fadado o dia em que ia dar errado. Todas as mensagens de erro do computador se resumiam a um número; 6,29; 6,29; 6,29; 6,29.
Então algo clicou em seu cérebro e ele compreendeu. Todos os segredos guardados por um bom motivo vieram afogando sua mente, com a força de uma avalanche, e ele descobriu que sabia a mais terrível das verdades.
Naquele dia um brilho de loucura se instalou em seus olhos.
Só pra avisar pra vcs que minha crise está terminada, e deu tudo certo, mas eu me sinto meio desconfortavel em escrever sobre ela aqui, mas valeu pelos votos de confiança. Então, eu to querendo voltar pra Bsb quinta ou sexta, e se alguém quiser me pegar na rodoviaria e me dar carona pra casa eu agradeço, porque a minha mãe vai viajar e volta só domingo, e táxi é caro... Ah, por último, se alguém não entendeu a referencia do titulo, está desesperadamente precisando ler Poe.
Sua função era checar se o computador estava fazendo as contas direito. Era bom com números, números altos e simples, números que não precisavam ser embasados em muita teoria. Ele não saberia explicar, nem pra si mesmo. Ensinavam pra ele que dois mais dois são quatro e ele chegava a conclusão que quatro mais quatro são oito, só não perguntassem porque, ele simplesmente sabia.
Na escola não tinha tido amigos e era ruim em todas as outras matérias, mas desde cedo ele aprendera que se alguém fosse bom o suficiente em matemática não importava o quão péssimo ele fosse nas outras coisas. Sempre passou por conselho.
Ainda assim, não era algo que o fascinasse. Era só uma habilidade que ele tinha, assim como outras pessoas sabiam assobiar e outras não. Ninguém achava assobiar particularmente interessante, assim como ele não ligava para números.
Um dia ele tinha ouvido falar que matemática e música tinham muito a ver uma com a outra. Isso foi o suficiente pra convence-lo a não fazer matemática na faculdade. Odiava música.
Música de qualquer tipo, desde hip-hop a Bach, o deixava nervoso e claustrofóbico e se havia alguma coisa que podia tira-lo do sério era pegar carona com alguém que ligava o rádio. Evitava pegar caronas. Evitava também reuniões sociais. Reuniões sociais costumavam ter música.
O único ritmo que tolerava era a melancolia surda e repetitiva de alguma músicas eletrônicas. Desde que não houvesse alguém cantando por cima. Cantores eram os piores. Portanto tinha feito contabilidade.
E os números continuaram aparecendo, naquele padrão-fantasma não identificável. Ás vezes conceitos como dobro, triplo, raiz quadrada, metade surgiam na mente dele, mas nada que o fizesse ficar intrigado, nada que ele se sentisse compelido a identificar.
Morava no 314 . Certa vez tinha ficado mais de uma hora em frente a porta, só olhando o número, como se houvesse algo nele que explicaria tudo. Mas alguma coisa estava faltando, e nada realmente aconteceu, então ele tinha agarrado sua pasta e entrado.
Estava fadado o dia em que ia dar errado. Todas as mensagens de erro do computador se resumiam a um número; 6,29; 6,29; 6,29; 6,29.
Então algo clicou em seu cérebro e ele compreendeu. Todos os segredos guardados por um bom motivo vieram afogando sua mente, com a força de uma avalanche, e ele descobriu que sabia a mais terrível das verdades.
Naquele dia um brilho de loucura se instalou em seus olhos.
Só pra avisar pra vcs que minha crise está terminada, e deu tudo certo, mas eu me sinto meio desconfortavel em escrever sobre ela aqui, mas valeu pelos votos de confiança. Então, eu to querendo voltar pra Bsb quinta ou sexta, e se alguém quiser me pegar na rodoviaria e me dar carona pra casa eu agradeço, porque a minha mãe vai viajar e volta só domingo, e táxi é caro... Ah, por último, se alguém não entendeu a referencia do titulo, está desesperadamente precisando ler Poe.